Crítica feita pelo site Filmering e traduzida pelo fansite Distrito 13
Enquanto neste país [Áustria] a série
de livros juvenis, O Tributo de Panem de Suzanne Collins, é pouco
conhecida, – Jogos Vorazes -, um título muito melhor que o original, nos
EUA a série é celebrada como o novo Crepúsculo. Uma adaptação era então
obviamente inevitável, já que o anuncio do filme foi mundialmente
comemorado e se juntou ao próprio Crepúsculo no trono de bestsellers.
Qualquer um cansado de vampiros e
lobisomens não pode reclamar de nada, pois Jogos Vorazes não apenas se
desempenha em um mundo diferente como também joga em outra liga. O texto
forte e o ótimo elenco nos remetem a Seabiscuit – Alma de Herói, aquele
filme do diretor Gary Ross que mantém a audiência cativada até o fim.
Num futuro próximo após
disastres naturais e guerras, os Estados Unidos entrou em colapso e o
Reino Panem emergiu dos escombros. Excluídos da Capital pelo Presidente
Snow (Donald Sutherland), estão os doze distritos, onde às vezes os
cidadões vivem em circustâncias deploráveis. A cada ano é televisionado
para toda a nação o chamado Jogos Vorazes, um tipo de luta de
gladiadores, onde um garoto e uma garota entre 12 e 18 anos são
sorteados em todos os distritos para competir entre si em lutas brutais.
A meia-orfã de 12 anos, Primrose
Everdeen (Willow Shields), é selecionada, mas sua irmã Katniss
(Jennifer Lawrence) se voluntaria em seu lugar. Formando a equipe está
Peeta (Josh Hutcherson), e eles serão então treinados e preparados para
lutas e a necessidade de obter patrocinadores para que se mantenham
seguros no jogo. Porque no fim dos Jogos Vorazes, só há um vencedor.
A febre americana em cima de
Jogos Vorazes pode ainda ser estranha na Europa, mas isso poderá mudar
assim que o filme for lançado, já que este filme de ação/fantasia é
empolgante, emocionante e sobre tudo, te deixa querendo mais.
A autora Suzanne Collins, que
partilha da autoria do roteiro com Gary Ross, criou não somente um mundo
distópico a se explorar, em vez disso Jogos Vorazes é uma parabóla
desta era de reality shows.
Katniss e Peeta são logo
instruídos a fingirem serem apaixonados a fim de se tornarem mais
interessantes para o público e aumentarem suas chances de sobrevivência.
Muitas vezes é sugerida a manipulação da realidade nesses shows. Sucede
assim a primeira dica de que este filme não segue Crepúsculo, e se você
for assisti-lo sem esperar outra coisa, sairá impressionado.
Somente nas cenas de violência
você percebe que Jogos Vorazes foi feito para adolescentes, porque todos
os atos de assassinato (e são muitos) são visualizados brevemente.
Matar jovens apenas não era uma ideia agradável para a Comissão
Americana de Proteção à Jovens (American Youth Protection Commission).
As características ousadas, em
especial os extravagantes figurinos dos moradores da Capital, é incomum –
se não ridículo em contraste com as precárias condições dos residentes
do Distrito 12. Eles não perdem a mensagem. Entretanto, onde o diretor
Gary Ross tem de fato alguma medida é na câmera e no trabalho de edição.
Até mesmo na cena mais calma a
câmera trêmula de forma deliberadamente superficial antes que as faces
de seus personagens tornem ao foco e os cortes seguem adiante. Assim, as
imagens criam na tela durante pelo menos 30min, um tipo de tontura que
pode ter sido ou não intenção do diretor.
Quando vemos o tributo na
floresta, este efeito de câmera parece estar presente novamente,
ajudando a criar a atmosfera estressante e agitada dos Jogos.
Com a sua representação indicada
ao Oscar em Inverno da Alma, Jennifer Lawrence já mostrou que é
experiente. Ela cabe perfeitamente no papel de Katniss, como todos
esperavam, porque afinal essas duas protagonistas compartilham traços e
condições. Seja uma cena dramática ou de ação, Jennifer sempre atinge o
tom ideal. Josh Hutcherson também convence como o bondoso e altruísta
Peeta.
Em adição, o filme vem com um
excelente e numeroso elenco coadjuvante, como Woody Harrelson, Elizabeth
Banks, Lenny Kravitz, Donald Sutherland e Stanley Tucci, este último se
destaca como o excêntrico apresentador.
Sobre a performance de Liam
Hermsworth como o amigo de Katniss, Gale, não há muito a ser dito. Na
série de Collins ele é parte de um “triângulo amoroso”, mas no filme de
Gary Ross ele foi deixado de lado completamente exceto por algumas
poucas cenas – e ainda sim ele não pode fazer nada além de olhar
vagamente enciumado para a câmera. Talvez nas partes seguintes ele tenha
uma tarefa maior a desempenhar.
Conclusão:
O romance Jogos Vorazes de
Suzanne Collins é um thriller desesperador, impressionante e tocante. Se
estes são os adjetivos que a filmagem teve a tarefa de tranportar,
então o diretor Gary Ross conseguiu um impacto direto. A data do início
das filmagens da sequência, Em Chamas está a caminho. Aos criadores
deste aqui: vá em frente, mas na próxima vez tente não mover muito a
câmera.
Nota: 8/10
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